sábado, 27 de novembro de 2010

Paulo Freire


Biografia e contribuições para a educação

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife. Sua família fazia parte da classe média, mas Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África.
O educador procurou fazer uma síntese de algumas correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.
Embora tenha se formado em Direito, logo descobriu sua vocação de Educador. Porém, não um educador formal, profissional, mas um educador para a liberdade.
Sua primeira experiência foi no SESI – Serviço Social da Indústria, onde trabalhou com famílias operárias nos “Círculos de Pais e Professores” e experimentou o que ele mesmo chamou de “uma educação social”. No SESI esteve por 10 anos, de 1947 à 1957. Esta foi a base concreta sobre a qual Paulo Freire elaborou sua tese de docência para a cadeira de História e Filosofia da Educação, na Escola de Belas Artes, de Pernanbuco, defendida em 1959. Este trabalho só seria publicado, muito mais tarde, em 2001, quatro anos após sua morte, que ocorreu em 1997, e se chamou: “Educação e Atualidade Brasileira”. Foi seu primeiro trabalho de fôlego, com reflexões que seriam aprofundadas em suas obras posteriores, entre elas: “Educação como prática da liberdade”, “Ação Cultural para a liberdade” e “Pedagogia do oprimido”.
O período mais fértil da experiência e reflexão de Paulo Freire se deu nos últimos anos da década de 50 e início dos anos 60, em que organizou o “Serviço de Extensão Cultural” da Universidade Federal de Pernambuco e participou ativamente do Movimento de Cultura Popular. Foi quando, junto com sua esposa Elza, que também era educadora, e uma equipe de colaboradores, desenvolveu um método de alfabetização que permitia o aprendizado da leitura e da escrita em 45 dias. Este não era um método abstrato de aprendizagem, mas um jeito concreto de ensinar e aprender as palavras e o mundo. Uma proposta pedagógica que promovia alfabetização política, o que significa muito mais do que se apropriar dos códigos da leitura e da escrita. Uma pedagogia que integra prática e teoria, e desperta ambos os sujeitos do processo educativo – educando e educador; dirigente e dirigido; liderança e base – para a luta de transformação da realidade. Portanto, esta educação é um ato político que reeduca todos os sujeitos envolvidos. É mais do que transmissão de conteúdos. Envolve postura e atitude diante do mundo e do outro, que é diferente de mim. Não é a teoria ou os conceitos abstratos que educam, mas a prática concreta que, sendo pensada à luz da teoria, transforma a realidade.
A pedagogia freireana é uma pedagogia radical, que propõe subverter a ordem social vigente em todos os seus níveis: pessoal, micro e macroestrutural. Neste sentido, ela serve para qualquer lugar do mundo, onde existam oprimidos e opressores. O passo a ser dado, na perspectiva freireana, pressupõe riscos, porque o novo não está dado, precisa ser construído, do projeto à execução.
É difícil delimitar na obra de Paulo Freire, categorias teóricas puras. Mas podemos destacar alguns valores e princípios pedagógicos. O principal deles é a “dialogicidade”, porque para Freire, o diálogo é a matriz da democracia. O segundo é o trabalho coletivo e o respeito ao conhecimento: “ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho; as pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo”. E ainda, podemos acrescentar: a ética, a tolerância, a política, a esperança, a indignação e a autonomia. Todos esses princípios constituem “tijolos” na construção do protagonismo e da emancipação popular e não podem ser pensados isoladamente, mas de forma integrada, totalizante. Esses princípios nos permitem olhar a vida e as potencialidades humanas em todas as suas dimensões.
No mundo de hoje, onde a mídia tomou conta do imaginário popular, vendendo um modo de vida que só beneficia o mercado, em que a ideologia do consumo e o individualismo competitivo tornaram-se objetivos de vida e o limite do sonho constitui-se naquilo que o dinheiro pode comprar, a pedagogia de Paulo Freire é de uma atualidade impressionante. Faz-se urgente, mais do que nunca na história humana, um processo de desvelamento da realidade, de desideologização do senso comum e da prática cotidiana.

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